A educação dos mortos

O movimento negro é, historicamente, um educador da sociedade brasileira. Essa tese contundente, de autoria da intelectual Nilma Lino Gomes, inspira-nos a compreender por que vozes e mensagens contundentes se erguem do mundo dos mortos para nos conclamar para as gravíssimas violações de direitos humanos das populações pobres, periféricas e negras do Brasil. 

Há mortos que estão mais vivos do que muita gente viva. E são esses jovens,  homens e mulheres mortos que procuram educar os espíritas, em sua maioria, pessoas brancas da classe média, para reconhecer, se indignar e agir diante de políticas brutais, como a da polícia militar de São Paulo na baixada santista, que reiteradamente tem produzido chacinas na região. 

Somente na chamada “Operação Escudo”* desse ano, 39 pessoas foram mortas. A ONG Conectas e a Comissão Arns denunciaram o que chamam de “operações letais e escalada da violência policial na Baixada Santista, em São Paulo, promovida pelo governador”. Há denúncias de que corpos foram levados para o hospital para impedir a realização de perícias. 

A Defensoria Pública de São Paulo, em conjunto com a Conectas Direitos Humanos e o Instituto Vladimir Herzog, pediu à ONU, no último dia 16, o fim da operação e a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares. Segundo o órgão, as câmeras não foram utilizadas em nenhuma das ocorrências analisadas.

A reação do governador Tarcísio de Freitas foi minimizar o problema e responder, truculentamente: ‘Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que não tô nem aí’.  Em outras palavras, pisoteou na melhor tradição dos direitos humanos e revelou a desumanização de sua postura perante a população mais vulnerável do estado. 

Os espíritos que dialogam conosco mais uma vez empreenderam a tarefa de tentar sensibilizar a opinião pública para que os espíritas e demais religiosos adotem posturas existenciais mais politizadas, mais comunitárias e antirracistas, na esperança de frearmos  urgentemente essa violência inominável. A seguir, você pode ler algumas das mensagens mediúnicas recebidas, em relação ao tema, no dia 13 de março de 2024. 

Triste é o homem

Que conhece a Liberdade depois da morte

Feliz é o homem

 Que descobre a liberdade depois da morte

Triste é o homem

Que não conhece a Liberdade em vida

A  Liberdade em vida ou na morte

É a liberdade de escolher

A Liberdade depois da morte

é o olhar ampliado das possibilidades

que se apresentam

Condicionamentos

convenções

comodidades

São algumas das amarras

que turvam nossa visão em vida

Cooperação

companheirismo

comunidades

são portões que se abrem

e que nos tornam livres.

13/03/24

Médium: CMM

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Quantos meninos cairão

Antes que a iniquidade

Seja arrancada do seio da terra?

Quantas lágrimas as mães 

Ainda derramarão

Antes que os homens cessem as guerras?

Guerras daqui e de além

São provas vivas

Da morte protegida

Pela ganância de ouvidos  moucos…

13/03/24

Médium: CMM

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O silêncio cúmplice 

Das vozes que se calam 

Ao ouvir novas histórias que lhe soam familiares

O silêncio impotente

Diante da violência 

(fera indomável)

Que adentra nos lares

E destrói corações aos milhões

O silêncio ensurdecedor

Da falta de esperança.

13/03/24

Médium: CMM

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Vai menino

Pega seu sonho

Amarra em seu coração

Deixa seu pensamento te guiar

Leva contigo

A força da criança

A pureza do ser humano

Vai, cria

Vai, produz

Vai, edifica

Um mundo melhor

Sem dor,

Sem violência

Vai menino

Ama

E se deixe amar

13/03/24

Médium: CMM

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Peito dilacerado!

Vida desgraçada!

Ódio, raiva de tudo e de todos!

Cansado dessa sociedade hipócrita que humilha meus irmãos.

Aquele amor prometido está demorando a chegar.

Não tenho censura ao falar.

Quem nos mata é a polícia.

                                                                                                   Matheus

13/03/2024

Médium: L.A

Espalmar as mãos no seu rosto

Olhar fundo nos seus olhos tristes 

Chorar  e tocar 

sua pele lustrosa.

Irmão, amigo, pai, companheiro.

A saudade mora aqui.

Parece que no Brasil inteiro 

não há gente à altura 

de respeitar e valorizar 

um homem negro.

                                                                                    M.A.

13/03/2024

Médium: L.A

Estrela de Davi

xerifes de joelhos

A marca de Caim

divide pelo medo

Opostos são os mesmos

A guerra é um jogo de espelhos

13/03/2024

Médium: M.Z.

*Embora a operação nos primeiros meses de 2024 seja chamada de Operação Verão, há interpretações segundo as quais, na verdade, a Baixada Santista está sendo palco da continuidade da Operação Escudo.

As produções mediúnicas do nosso grupo em parceria com esses jovens estão no Instagram. Nos sigam por lá

https://www.instagram.com/slam.mediunico

Por aqui, no Blog da ABPE, continuaremos divulgando o andamento desse trabalho e seus desdobramentos. Segundo algumas mensagens que recebemos, esse tipo de trabalho está sendo aberto em outras frentes, então logo teremos mais novidades de outros cantos.

Para ver os textos anteriores desse projeto clique no link abaixo:

https://blogabpe.org/category/slam-mediunico/

Fonte consultada: Rodrigues, Rodrigo. ‘Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que não tô nem aí’, diz Tarcísio sobre denúncias de irregularidades da PM em operação no litoral de SP. G1, 08/03/2024

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