Qual o problema da militância dos espíritas contra a descriminalização do aborto?

teste-de-gravidezEm primeiro lugar, devo declarar para abertura desse artigo que considero o aborto algo muito negativo, traumático, para a própria mulher, para o ser que está em seu ventre e para a sociedade. Ninguém aborta por esporte e conheço várias mulheres que abortaram por convicção e nem por isso tratou-se de um fato corriqueiro, sendo um ato que deixa sempre uma ferida psíquica. Do ponto de vista espírita, sabemos que há ali um ser reencarnante, que sente a expulsão à força daquele local aconchegante e supostamente protegido, que deveria ser o ventre de uma mãe.

Até mesmo a psicanálise, uma ciência sem nenhuma ideia de transcendência espiritual, considera que há vida humana uterina, já que se fala em formação psíquica desde o ventre, e que se pode trabalhar mesmo traumas que se deram durante esse momento. Se há alguma forma de lembrança emocional que a pessoa pode ter da fase fetal, então isso significa que havia uma consciência ali, pelo menos em formação. Alessandra Piontelli, uma psicanalista italiana, relata os resultados de uma pesquisa realizada com crianças, desde o ventre até a idade de 4 anos num livro chamado De Feto a Criança – um estudo observacional e psicanalítico. Aí se percebe que falas, vivências, impressões que a mãe teve durante a gravidez repercutiram no psiquismo da criança em gestação. Para o grande psicanalista inglês, Donald Winnicott, a relação mãe-bebê, um estado de fusão psíquica que só vai se desfazer totalmente aos 2 anos de idade, começa ainda no ventre.

Pondero tudo isso, para deixar claro que a questão do aborto não é apenas, como querem alguns, uma discussão entre feministas radicais e religiosos fanáticos! Geralmente essa polêmica tem girado em torno dos argumentos seguintes: De um lado, a liberdade da mulher de fazer o que quiser com o próprio corpo (mas há outro corpo e outra consciência ali) e de outro lado uma questão de princípios religiosos (mas esses princípios não poderiam se apresentar como parâmetro social de uma coletividade em que há crentes e ateus e divergências de visão de fé – o Estado deve ser laico e não pode se orientar por determinações religiosas). Acredito assim que não deveríamos discutir o aborto meramente do ponto de vista ideológico e religioso. Deveríamos olhar a problemática mais de forma psicológica, ética e social.

Os espíritas, supostamente, deveriam estar de posse de um discurso diferente de outras correntes religiosas, fazendo apelo a evidências de pesquisa de que há uma consciência que sente ali no ventre materno. Por exemplo, as fartas pesquisas de memórias de vidas passadas de Ian Stevenson e equipe ou as regressões que muitos terapeutas fazem que passam pela memória intrauterina (cujas lembranças podem ser confirmadas por pais e outros familiares).

Entretanto, como no Brasil, o espiritismo virou mais uma religião institucionalizada, os órgãos federativos assumem um ar místico de defesa da vida, que em nada difere do discurso de outras religiões.

E há vários problemas nessa postura.

Primeiramente, podemos considerar o aborto um trauma psíquico para a mãe e para o espírito reencarnante, mas não precisamos com isso criminalizar a mãe e encarcerá-la. Isso é desumano, desnecessário e ineficiente para coibir o aborto. Sobretudo porque sim, nesse caso, temos uma visão machista, como se uma mulher pudesse ter um filho sozinha. Os homens também são responsáveis pelo ser que geraram – embora muitas e muitas vezes não assumam. E depois querem fazer leis que criminalizam a mulher, que foi deixada sozinha com a decisão de ter ou não esse filho. De outro lado também, os próprios homens deveriam reivindicar o direito de decidir em conjunto, já que o filho não é só da mulher. Ela não é a única envolvida na questão.

O problema, portanto, não é ser contra a aborto, o problema é criminalizá-lo. Também considero repugnantes as clínicas comerciais de aborto, sejam clandestinas em países em que o aborto é proibido, sejam oficializadas em países em que é legal – em ambos os casos, aliás, bastante lucrativas. Mas a questão é de conscientização e não de proibição.

E o problema dos espíritas não é militar contra o aborto, mas a maneira que o fazem e a exclusividade de sua militância por essa questão.

Ao invés de ficar batendo na tecla de não descriminalizar o aborto, porque os espíritas (e com isso digo as instituições que se julgam representantes do espiritismo) não discutem as mortes de mulheres pobres nas clínicas de aborto clandestinas, por que não falam do machismo da nossa sociedade que não ampara a mulher na maternidade, a partir de muitos pais, homens, que consideram que não é com eles (eles não deveriam ser criminalizados também nesse caso?), da miséria estrutural que não favorece a consciência social da gravidez desejada e responsável?

A nossa militância deveria ser pela licença maternidade e pela licença paternidade prolongadas, pela educação sexual na adolescência, numa postura de prevenção da gravidez precoce, pela abolição da violência obstétrica, da violência doméstica, da violência sexual contra mulheres e crianças… E de nada disso ouço os espíritas institucionais falar…

Sem mencionar outros temas vitais que deveriam fazer parte da pauta de discussão e militância destes nossos companheiros tão devotados à vida: será que ouvi alguma manifestação da FEB contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, a mesma que exterminou Marielle com 9 tiros e que poucos dias atrás matou um menino em uniforme escolar? Por que motivo esses nossos confrades (para usar um termo que ouvia muito na minha adolescência espírita) se mobilizam tanto por uma criança que não nasceu ainda (e já disse que me mobilizo também) mas não dizem uma palavra das crianças mortas nas favelas por tiros perdidos ou pelo extermínio sistemático de jovens nas periferias de São Paulo ou nos morros do Rio de Janeiro?

Já narrei num artigo sobre o assunto no meu blog pessoal, qual  foi a postura de Pestalozzi em pleno século XVIII, na Suíça, quando se debruçou sobre as mulheres que matavam seus filhos ao nascerem e depois eram condenadas pela justiça. Descobriu que era um problema social, pois eram mulheres que vinham do campo, engravidavam, eram abandonadas e não tinham nenhum apoio. E Pestalozzi não achava que era justo e necessário punir as mulheres, mas prevenir a situação social, que as levava àquele ato desesperado.

Com toda essa problematização da postura dos espíritas na sociedade brasileira, gostaria de dizer que me preocupa ver os supostos representantes do espiritismo ao lado das facções mais conversadoras das igrejas cristãs, com um tom moralista e religioso, tão ungidos contra a descriminalização do aborto. Acho que os espíritas deveriam ter uma abordagem mais abrangente, compassiva e complexa do problema e ao mesmo tempo se engajarem em outras urgências sociais, das tantas que se apresentam no Brasil e no mundo, com propostas progressistas, transformadoras e profundas.

 

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37 respostas para Qual o problema da militância dos espíritas contra a descriminalização do aborto?

  1. cesarfragale disse:

    Ótima reflexão que coaduna muito com o que penso. Pena que moro no Rio e não tenho como participar mais.

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  2. Jany disse:

    Suas reflexões sao muito pertinentes.

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  3. Dora, você é uma luz de sensatez num mundo de senso comum teórico. Sou advogado, tenho especialização em ciências criminais e posso dizer que, nas várias pesquisas que fiz e casos que me deparei (não atuando, mas tomando conhecimento), percebi que a “clientela” do sistema penal nestes casos é sempre a mesma: mulheres negras e pobres, abandonadas por seus parceiros ou forçadas por eles a abortarem, que muitas vezes são abordadas e denunciadas ainda no hospital, sangrando. Isso claro, quando não morrem vítimas do próprio desespero na prática do ato. Enquanto espírita, entendo as consequências espirituais e psíquicas para a gestante e para o espírito reencarnante, porém não posso fechar os olhos para o problema social e de saúde pública que é o aborto. Acho uma desumanidade imensa o Estado “virar as costas” para essas mulheres por toda uma vida, sem lhes dá o mínimo de instrução e suporte básico e, após o ato realizado, aparecer somente para encarcerá-la. Não, definitivamente, isto não é justo pois a negligência do Estado legitima a sua coautoria.

    Obrigado por ser essa luz fora da bolha chamada senso comum teórico.

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  4. roseli marques shigematsu disse:

    Te aplaudindo em pé! Texto irretocável, fundamentando todas as questões que envolvem o aborto, e ainda conclamando os espíritas a buscarem o engajamento na lutas sociais da sociedade brasileira,no terreno fértil de onde brotam todas as mazelas que levam as mulheres a submeterem-se ao aborto.Parabéns! Sinta-se honrada por ser quem você é.Gratidão pela sua coragem de expressão tão honesta e humana.Sinta-se abraçada com todo o meu carinho e respeito por ser quem você é.

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  5. Luiz ferreira disse:

    Escreveu muito bem, os espiritas tem mais conhecimentos da causa e efeitos, mas se calam, não se manifestam contra nada, parecem vacas de presépio, esperando que tudo se reorganize sozinho.A questão do aborto é muito mais complexa; como ajudar quem não é espirita e não entende que existe um ser ali, a visão dela é imediatista das dificuldades futuras.Eu conheço pessoas que falam pra mim que vao fazer um aborto, digo nao faça isso tem um espirito aí nesse corpinho. E aí? Resolve o que?

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  6. Ivan disse:

    A questão é delicada mesmo e a declaração de muitos vem carregadas de preconceito e hipocrisia (já explico)!

    Lembra quando se pensou em fazer um referendo a uns 15 anos anos atrás?

    Eu já tinha a respostas para alguns de seus questionamentos- e os mantenho ainda, de maneira particular, sem mencioná-los em palestras espíritas, onde transmiti somente as orientações doutrinárias ocasiões em que evito minhas opiniões até, independente do assunto.

    Bom… Na época do referendo eu defendia o voto na legalização do aborto. E hoje ainda defendo!

    Isto porque toda a temática no fim das contas, é decidida sob a perspectiva das leis humanas, falhas, claro, mas os argumentos religiosos carecem de fundo quando alguém se separa diante da decisão entre abortar ou não.

    [7/7 08:17] Ivan Da Luz: Preconceito porque apontar o erro alheio é uma das coisas que melhor nos especializamos enquanto sociedade, através da história. As três moças que citei foram taxadas de safadas, sem-vergonha, putas, além de indignas de casarem e serem mães.

    Hipocrisia porque muitos de nós, se cometessemos o erro da invigilância passassenos pela experiência da gravidez indesejadas, optaríamos pelo aborto.

    Homens, então… Muitos, se não abortam, tornam-se pais ausentes.

    Aqui, *faço um reconhecimento pessoal* que já comentei algumas poucas vezes por aí :

    Já espírita, defendendo o não aborto em muitas ocasiões, estive diante de tal situação em duas vezes (minha crença foi de que houve falhas na prevenção). Para as duas mulheres, minha fala de espírita foi: “se você quiser tirar o feto, eu te apoiarei”. Eu sabia o quanto essa declaração era canalha, mas foi a decisão que tomei.

    E, muitos aqui sabem que eu, já casado, fui extremamente ausente na gestação de meu primeiro filho- porque eu não queria mesmo ser pai. E tive que aprender na marra a sê-lo.

    Por fim (mesmo).
    Posicionar-me contra a a descriminalização do aborto não é sinônimo de ser a favor do aborto..

    A Lei de Deus tem suas leis e sabe domar a rebeldia humana, em todos os casos de nossas falhas.

    A nós, cabe o esforço de fazer o que Deus faz: acolher os que sofrem, sem prévio julgamento, deixando para ele a aplicação das penas à quem, por invigilância, cometeu erros relacionados a este tema.

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  7. Aldo Pereira disse:

    Os espíritas deveriam ser fraternos com tudo e com todos, pois como ensinam os espíritos, tudo se encadeia no universo. O acaso não existe. Tudo tem uma razão de ser e as escolhas são feitas antes. O agora é resultado de uma escolha anterior e que está apenas “esquecida”.

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  8. Simone disse:

    Concordo plenamente. Percebo que nós espiritas precisamos ser mais cristãos lutar pelo próximo de forma clara e com consciência política, social e histórica!

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  9. Fabiana Guariglia Bassi disse:

    Acredito que é necessário maior informação sobre o assunto. Temos SIM grupos EXTREMAMENTE SÉRIOS de pesquisa na área da saúde e na área legal no meio espírito quenDIACUTEM SIM PROFUNDAMENTE todas essas questões.
    Procure se informar a respeito da ASSOCIAÇÃO MEDICO ESPÍRITA (AME) e da AJE (ASSOCIAÇÃO DOS JURISTAS ESPÍRITAS) que tem um trabalho primoroso de dedicação a esse assunto. Há livros muito bem embasados cientificamente e juridicamente (e não apenas em argumentos espíritas)
    Realmente acredito que os espíritos PRECISAM SE INFORMAR a respeito dessa questão e não ficar apenas no que ouve… No que vê pelas redes sociais.
    Procure conhecer o trabalho primoroso de uma vida inteiro da Dra. MARLENE Nobre.
    Acho que essas informações precisam ser mais divulgadas

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    • Alline disse:

      Fabiana, vc é coerente. Muitas opiniões aqui vêem os aspectos que convém.
      Salvo alguns que se aprofundaram mais na questão. Estamos todos caminhando, cada um sabendo onde o sapato aperta.Faltou para a autora desse blog fazer de fato uma pesquisa…se baseou em opiniões insuficientes ou quem respondeu a questionamentos dela não tinham um aprofundamento teórico .
      O que sabemos é que cada um carrega valores e que são guiados por eles.
      Eu abaixaria minha bola pra criticar porque é impossível saber do problema sem levantar uma pesquisa séria, tanto como um quiz ou mesmo de autores que lidam com essa questão.
      O que sabemos é que cada um tem responsabilidade sobre seus atos e pouca consciência sobre as próprias escolhas, agindo por impulso.
      No SUS tem anticoncepcional trimestral gratuito , pílulas, enfim, acho que faltou essa questão ser mencionada.
      Conheço os programas da Rádio Boa Nova e já tive oportunidade de ouvir a Marlene Nobre.

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  10. alline disse:

    Seu texto é bem escrito.
    Porém é apenas uma convicção pessoal, pois vc não se dedicou a ter uma coleta de dados , como uma pesquisa de opinião.
    Somos diversos, contraditórios, isso é tipicamente humano.
    A mulher tem uma personalidade diferente do homem.
    Nossa formação moral, educacional e ética é divergente também.
    Assim como os cristãos, espíritas é tudo mais.
    Então , a formação do espírita também varia, pois muitos vieram de outras crenças e carregam uma diversidade de valores.
    Cabe a vc também respeitar a estória de vida de cada um, pois cada um a seu tempo trilha o próprio caminho, errando e acertando.
    Se fossemos perfeitos, para quê estaríamos aqui nesta escola planetária?
    Fica com Deus.

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  11. Nelson disse:

    Nunca tinha visto um comentário tão coerente, preciso, analítico e cristão.
    Atire a primeira pedra, aqueles que se auto intitulam sejam lá de que religião. A regra Áurea é pra todos, gostamos ou não.
    Parabéns Dora por sua lucidez.
    PS. Lembro, entre vários fatos, de um que houve nos EUA quando um grupo religioso assassinou médicos e enfermeiros que trabalhavam em clínicas de aborto, devidamente legalizadas lá. Disseram que agiam assim, pois defendiam a vida.

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  12. Marcos Rogério Formichi disse:

    Sou espírita, e acredito que este assunto demanda tempo para entender, porém não se julga ninguém por fatos que ela desconheça, mas o aborto e tantas outras coisas do mundo, será resolvido por todos com o tempo , não há religião que salva o mundo, pois sou eu, você que irá mudar tudo, através do amor ao próximo. Sem questionar qualquer religião, o caminho, a verdade está nas mãos do Mestre Jesus, o dia que todo ser humano praticar o que ele disse , não haverá sofrimento no mundo, o erro está em nós, fiquem em paz.

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  13. Rejane Leal Keller disse:

    Bravoooo!!! Excelente!!!! Estava há tempos tentando encontrar palavras pra dizer o que eu pensava sobre o assunto.E você disse tudooooo!!! Gratidão,mais uma vez,Dora!! 🙂

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  14. Sandro de Souza Freire disse:

    Esse crescente Igrejamento que assistimos nos Centros Espíritas vai afastando os frequentadores da conscientização do estudo sério do Espiritismo e de sua profunda ligação com os saberes humanos nas mais variadas frentes científicas, filosóficas e psicológicas. Esse maravilhoso arrigo aponta pra esse vies religioso e omisso que não representa a doutrina da caridade que é amor em ação,e amor também se demonstra com atuação social.

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  15. O aborto é um assassinato de um ser humano, que a partir da concepção já é um ser vivo. Tanto faz assassinar no útero como no berço, o crime é o mesmo. Quanto as questões psicológicas, são oriundas do complexo de culpa profundo, a mãe e o bebê tem uma ligação muito profunda como diz o próprio artigo.

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  16. Buca Dantas disse:

    PERFEITO!!!

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  17. Marcelo disse:

    Em princípio não há problema algum. A pessoa adulta é livre para ~falar em nome próprio e se responsabilizar por suas concepções. No entanto, há o patrulhamento daqueles que são mais realistas que o rei, mais kardecistas do que Kardec (ou do que eles entendem como a postura de Kardec). No que tange a questão do aborto, parece que o espírita deve ter apenas uma posição, a contrária; caso contrário, não é espírita. Nunca deve duvidar, hesitar, admitir que está equivocado numa situação extrema.Desse modo, fica inibido de defender o que acredita, mesmo que a doutrina diga que é pela liberdade de pensamento e expressão. O espírita médio não quer se sentir desconfortável num debate aberto. Não deixa de ser um tipo de infantilização do sujeito, que deve ponderar mil vezes antes de desafiar os caciques da doutrina. É só observar as baboseiras que são pronunciadas nos casos de aborto não penalizado na gravidez por causa de violação, que no limite tornam a mulher culpada pelo que lhe aconteceu.

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  18. Marisa disse:

    Sensacional este artigo. Parabéns! Chega de discussões rasas. Obrigada!

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  19. SEMI ANIS SMAIRA disse:

    Como sempre, DORA INCONTRI vai direto à questão e toca na ferida. Pena que a maioria dos espíritas não compreendem e nem pensam dessa forma, seguindo a “procissão” dos que pensam e agem em bloco, sem qualquer digressão a respeito desse e de outros assuntos.

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  20. Rosiane disse:

    Encontrar esse site foi um bálsamo para o meu coração e minha mente inquieta. Obrigada.

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  21. Roberta dos Santos Gregório disse:

    Agradeço muito sua reflexão pertinente que me ampara nesse momento tão delicado de nosso movimento! Me representa em cada observação e análise! Abraços fraternos!

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  22. Pingback: Pode um espírita ser a favor da descriminalização do aborto? – Ignorância Diversificada

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  24. Mario Renato Godolphim Vernes disse:

    Boa tarde sou socialista convicto,limitei em organizações revolucionárias na época da ditadura militar,sou terapeuta e tra falhei muito com dependentes químicos. A algum tempo atrás ( na época do impeachment)frequentei um centro espírita de minha cidade(Itapema SC)deixei de frequentar porquê a “direitizacao da direção do centro era evidente( argumentei pela democratização dosEADS e coloquei que entre os espiritas há outras formas de avaliar a politica,não tive eco e abandonei o centro) hoje “quase sem querer me deparei com otexto “O ESPIRITISMO QUE Queremos onde vejo contempladas diversas questões que defendo,quero manter contato com vcs , e trocar experiências. Abraço

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  25. Rosa disse:

    obrigada pelo seu post!

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  26. Bruna disse:

    Oii… Só acho que você esqueceu de falar sobre a lei de causa e efeito! Homens não ficam livres e suas consciência também não! Já parou pra pensar que em alguma vida a mulher pode ter sido um homem e ter abandonado a sua mulher com o filho e nesta vida estar tendo que passar por aquilo que ela fez?
    Os homens não ficam livres da responsabilidade, em algum momento ou até mesmo em outra vida eles vão colher!
    Bjos amiga

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  27. D.T.C. disse:

    Precisamos refletir mesmo sobre a temática.
    Profissionais e clínicas que praticam aborto devem continuar criminalizados, mantendo-se o aborto proibido e ilegal.
    Contudo, a mulher que está pensando no aborto deve ser encorajada à buscar um sistema de saúde, assistência social e judicial que não a criminalizem e que a ajudem a encontrar outras soluções que não seja o aborto, como adoção por exemplo.
    A mulher que tentou e se arrependeu ou evolui com complicações, deve ter a liberdade de buscar ajuda, na tentativa de salvar ambos, mãe e feto, ou pelo menos uma das vidas.
    Hoje se ela buscar por ajuda é detida em flagrante (profissionais tem obrigação de notificar), precisa pagar fiança (se tiver dinheiro) e responde judicialmente, podendo ser reclusa por 1 a 4 anos de detenção. Isto também inviabiliza seu cuidado psíquico, pois o ato abortivo traumatiza e adoece emocionalmente a mãe e o espírito reencarnante.
    Quando uma conduta deixa de ser crime e passa a ser contravenção (ou seja, continua sendo um delito, mas deixa de ser punido de forma severa), chamamos de descriminação. Quando uma conduta é descriminada (ou descriminalizada, para usar o termo popular), ela continua sendo uma conduta delituosa, e passível de punição mais branda. Na legalização deixa de ser uma contravenção (delito).
    Portanto, descriminalizar a conduta da mulher não é igual a descriminalizar ou liberar aborto.
    Não sou a favor da descriminalização dos profissionais e clínicas que ofertam tal serviço, tampouco à liberação do ato, mas defendo um olhar mais humanizado à mulher, com ofertas e serviços que a ampare e ajude na manutenção das vidas.

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  28. FRANCISCO DAS CHAGAS NEGRAO disse:

    Parabéns Dora, até que enfim encontro um comentário lúcido sobre um tema delicado, que precisa ser discutido com visão ampla e somente vemos estreiteza. Aliás sempre temos alguma discussão no lado que o defende e a condenação sem argumento do outro. Seu artigo é uma luz para o nosso movimento espírita, ainda tão cheio de preconceitos.

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  29. Dora, parabéns pelo artigo lúcido, objetivo. Achei muito interessante como algumas pessoas fogem do assunto e retomam a discussão do dogma, ou seja, fogem de analisar se o aborto deve ou não ser tratado na esfera criminal, e retornam a discussão para a prática do aborto. O Dr. Dráuzio Varella lembra que “ninguém é a favor do aborto”, mas isso não significa que se deva defender a sua criminalização. A experiência da Alemanha, na linha que o colega D.T.C. (?!) comentou logo acima, mostra que há saídas mais efetivas para o problema a partir de uma visão de longo prazo focada em evitar o aborto, e não em criminalizar a mulher.

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  30. Toedo disse:

    Violência doméstica nunca deveria ser sinônimo de violência contra única e exclusivamente contra a mulher. Erin pizzey, ativista inglesa da causa, e uma das primeiras dirigentes de lar de acolhimento p/ vítimas, cqonstatou isso na prática. Ela apontou que mulheres são tão vítimas qto algozes (quem sofre o estresse da violência rotineiramente, homem ou mulher, TENDE a extender e replicá-la física e psicologicamente nos outros membros dessa equação: geralmente, os filhos e/ou devolvendo na mesma moeda: a agressão) dos homens. A relação em números é praticamente de 1 p/ 1. O motivo de serem muito baixos entre homens, vem do fato de que homens senten-se extremamedessas nvergonhados e desmoralisados (fracasso, pela situação ter chegado a tal ponto). são na maior parte das vezes ridicularizados nas(quem sofre o estresse da violência rotineiramente a extravasarem nos membros mais fracos da família: geralmente, os filhos) e desencorajados a ir adiante no registro de bo’s.
    A forma jocosa como é vista pela sociedade, faz com que a violência doméstica contra homens seja negligenciada e até negada. Por vezes, contrárias aos homens, a maioria das mulheres ñ usam de força física direta: atiram coisas ou empunham objetos contundetes. Tais fatos colhidos pela ativista, foram solenemente rechaçados pelas feministas, que passaram a ignorá-la, a rotularam de persona ñ grata pelo movimento e ameaçada de morte, com o assassinato de seu cão e o envio de um pacote suspeito a sua casa. Motivo de tanta raiva? Ongs de amparo a vítimas de violência doméstica (que em grande maioria, recusam receber homens).
    feministas (elas ñ lutam por equanimidade?), dependem exclusivamente de $ do governo p/ sobreviverem.

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    • mzanolini disse:

      Então Toedo, olha só que interessante a possibilidade de reflexão que o seu comentário levanta. Essa hipótese da Erin Pizzey, para ter relevância e poder ser considerada nessa equação, precisa de um levantamento de dados. No caso entrevistas com homens que sofreram violência, provas de que essa violência de fato ocorreu, quantificação das consequências que essa violência teve na vida deles depois do ocorrido. Entendo que possa haver um pressão para que esse tipo de levantamento não seja levado a sério, etc. Mas cabe a pessoas como você, que defendem essa hipótese, se empenharem em fazer esse trabalho, mesmo que a revelia do status quo. Demorou muito tempo para as mulheres mostrarem, provarem e criminalizarem a violência sofrida por elas. Foi uma luta mais de um século. O dado mais contundente nesse levantamento sobre a violência sofrida pelas mulheres é o número de mulheres que morrem assassinadas pelas mãos de seus maridos, companheiros, pais, tios, etc. Historicamente as mulheres que sofriam violência de parentes próximos também tinham vergonha de reportar isso e as estatísticas escondiam essa violência. Com o tempo elas foram tomando coragem e enfrentando um sistema que as impedia de ter voz. Os homens que sofrem violência, e mesmo você que defende que essa hipótese seja levada em consideração, devem ter essa coragem. E isso não significa atacar o movimento feminista (dizendo que só querem $ do governo, etc). É preciso arregaçar as mangas e se colocar a campo, entrevistando homens para chegar a uma conclusão sobre a violência sofrida por eles. Ao trabalho!

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  31. Luiz Augusto disse:

    Dora, conheci a doutrina espírita há dois anos e, para uma pessoa até então agnóstica, não imaginava que poderia me identificar tanto com Kardec e os ensinamentos dos espíritos, especialmente em razão de sua natureza progressista. Porém, a vontade de me aprofundar no espiritismo logo encontrou entraves, os quais, em certa medida, assemelham-se aqueles que sempre me afastaram das religiões. Cito, por exemplo, a idolatria a grandes médiuns brasileiros que, a despeito da grande respeitabilidade, não deveriam, na minha humilde opinião, ser porta-vozes do espiritismo. Sobre a criminalização do aborto, fico feliz em me reconhecer em suas palavras. A despeito de minha convicção na reencarnação e no trauma de ordem espiritual, não consigo, nem por um minuto, acreditar que a tipificação penal da conduta seja assunto a ser decidido no seio das religiões, cujo papel, nestes casos, deve ser essencialmente o de esclarecimento e amparo fraternal à pessoa que, por desespero, ignorância ou egoísmo, decide por abortar.

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  33. Marco Antônio Lorenzzo Barsotti disse:

    Hoje fui convidado a falar sobre esse tema em uma casa espírita aqui na cidade de Santos! Este artigo me ajudou muito a formular minha opinião sobre o assunto (que a bem da verdade se coadunou com meu ponto de vista)! E hora dos espirtas se libertarem das convenções impostas por anos de “Doutrina Espírita, diga-se: RELIGIÃO!

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