Não é muito clara a informação sobre quem cunhou o termo bolha para designar pessoas que se isolam e nem quando foi usado pela primeira vez, no entanto, ele tem sido utilizado cada vez mais nas mídias sociais para se referir a pessoas que vivem apenas em um tipo de ambiente, por exemplo, o indivíduo que só assiste a séries, ou aquele que não sai do facebook ou ainda aquele que vive no Instagram etc., abdicando da vida social, afastado de todos.
Ao participar de várias casas espíritas, em cidades diferentes, grupos de estudo e grupos pela internet, observa-se um fenômeno muito interessante: a bolha da felicidade, da bondade e da boa intenção. E isso não é necessariamente ruim, é apenas um fenômeno.
Desconectados da realidade política, cultural e social e da subjetividade inerente aos humanos, os espíritas vivem num falso nirvana, apregoando um amor que são incapazes de sentir, enrodilhados pelas questões emocionais que se recusam a olhar. É como se, frente ao espelho de suas próprias dores e dificuldades, eles preferissem olhar para o que está além do espelho, reforçando assim sua bolha.
Imersos em suas questões internas, emocionais, como todo indivíduo encarnado e quiçá desencarnado, preferem levantar bandeiras de paz, de união, de caridade, as quais estão muito longe de poder suportar.
Dividem-se então entre aqueles que sequer cogitam nas questões emocionais e aqueles que cogitam, mas que acham que boa intenção, prece, passes, água fluidificada e ‘trabalho na seara’ são suficientes para curar ou mesmo aliviar, muitas vezes, uma infância negligenciada, desprovida de afetos saudáveis, vítima de violência doméstica, sexual ou de abandono. E mesmo aqueles que não viveram situações tão limites, mas ainda sim têm suas questões, como luto mal resolvido, inseguranças, medos, crises de ciúme, ambiente familiar ou profissional doloroso etc. não percebem a importância de olharem para si mesmos e se lançam a cuidar dos outros, em vez de cuidarem de si, num afã interminável e muitas vezes improdutivo.
Tanto é que muitos cansam do espiritismo e vão procurar outras praias porque apenas o conhecimento espírita, sem seu contexto verdadeiramente humano, acolhedor e como ferramenta de autoconhecimento, não dá conta do imenso complexo físico, mental, emocional, espiritual, social, cultural que cada ser é.
E como isso é observável? De várias maneiras. Uma delas é pela exclusão daqueles que não se encaixam perfeitamente neste modelo romantizado. Tudo vai bem até que alguém, com intenção ou não, provoca um pequeno cisma ou uma pequena marola na relação idealizada e então todo pretenso amor ao próximo, que deveria traduzir-se em acolhimento ao indivíduo, transforma-se em ‘é preciso afastar este cidadão ou impedi-lo de se manifestar, porque ele vai acabar com a harmonia do grupo’, e o que era para ser fonte de crescimento e de amadurecimento transforma-se tão somente em mais um afastamento.
Outra forma tangível é o comportamento de ira de muitos espíritas nas mídias sociais, nestes tempos de polarização, onde atacam até seus pares. Textos reflexivos, como este, que buscam entender a classe espírita e seus componentes também são, às vezes, alvo de uma raiva indefinida. Comportamento muito diferente daquele preconizado por Kardec e por Jesus e que provavelmente é fruto de alguma demanda emocional não atendida, porque não é vista.
Desta maneira, passam-se meses, anos, décadas, e a bolha só cresce e só exclui aqueles que precisam de um tratamento mais individualizado, como acontece com todo ser humano, na realidade.
A sociedade inteira, e os espíritas não fogem a regra, tem dificuldade em dialogar. Diálogo não é brigar, discutir ou debater, é simplesmente se colocar, falar, sem querer convencer ou transformar ninguém, e ouvir. Ouvir de verdade, ouvir o outro e a si mesmo, prestando atenção e respeitando. Simples assim. Exercício este que deve ser feito constante e conscientemente.
Não somos colmeia, comunidade de formigas ou de cupins. Somos pessoas com necessidades únicas que não devem ser negligenciadas e não podemos e nem queremos ser tratados como grupo. Queremos nossa individualidade aceita, respeitada e cuidada, ainda mais tendo em vista o discurso de amor que permeia a comunidade espírita.
Enfim, cuidar da saúde mental e emocional é primordial para um relacionamento verdadeiramente empático, amoroso e transformador.
Cláudia Rocha Azevedo
Simplesmente sensacional! Há mto tempo não lia nada tão lucido!
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Parabéns, Cláudia Azevedo!!!… excelente análise!!! bjs
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Parabéns Cláudia Rocha Azevedo obrigada pelo compartilhamento desta observação lúcida e verdadeira e também por ter visitado vários locais para demonstrar a existência e permanência desse comportamento tão elitista e segregador, pois aquele que não sei encaixa ou não aceita tende e ser banido como se fosse a causa do mau. Quantas pessoas passaram e ainda passam por isso. Já se faz tarde expor as feridas, mexer no sistema e tornar à respeitar Kardec e retorná-lo ao centro às suas origens e torná- lo mais valoroso que o movimento espírita.
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Oi Cláudia.
Que eu saiba, o termo bolha vem sendo utilizado há muito tempo pelos budistas, mas relacionado às nossas fixações mentais. Fixação mental, conforme explicitado pela Gestalt-Terapia (Jorge P. Ribeiro, 1995, p. 17). Nesse estado, a pessoa não consegue sair de sua bolha particular, mesmo no processo psicoterápico, sem antes se encarar. Exatamente conforme sua descrição.
Gostei muito do seu artigo, que mostra implicitamente, a importância da Psicologia, enquanto ciência, cujas vertentes estudam o ser humano nos aspectos biopsicossocial e espiritual. Portanto, um instrumento facilitador da compreensão das subjetividades humanas, e do mundo em que estamos envolvidos.
Na realidade, existe dentro do movimento espírita, muitos simpatizantes e ativistas, ligados à FEB, que têm posição semelhante a que você defende no texto, nesse ponto abordado .
Um exemplo disso, são os notáveis trabalhos desenvolvidos pelo casal Cláudio e Iris Sinoti – psicólogos Junguianos – desenvolvidos no Centro Espírita Caminho da Redenção / Mansão do Caminho, em Salvador. Nesse espaço, os Sinoti dão curso sobre a Série Psicológica de Joanna de Ângelis, divididos em vários módulos, gravados em DVD’s e disponíveis na Internet. No sexto módulo, o Cláudio evidencia, explicitamente, a importância do processo psicoterápico para sairmos dessa fixação .
Hélio Pacheco.
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Show esse texto amei
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Olá Cláudia, vc deveria estudar a doutrina espírita em locais federados. Suas observações não estão corretas. Provavelmente vc esteve em locais diferentes do movimento espírita ou nem esteve. Para nós espíritas Jesus é guia e modelo a ser seguido. Jesus não vivia em uma bolha, nem se isolava. Jesus não delimitou os lugares por onde passava. Eu trabalho no movimento espírita e não identifiquei nenhuma colocação sua. Estranho não é mesmo. Te desejo boa sorte e mais leituras a respeito do assunto. Grande abraço e votos de paz!
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Marcia, ela não citou Jesus, mas os espíritas, mesmo sendo Jesus o guia e modelo, vc. acredita que os espíritas estão no nível de perfeição? creio que ela seja uma estudiosa e fala com resultados nas pesquisas. Só pelo fato de vc. não ter identificado tais referências vc. acredita que tais observações não estão corretas, não é no mínimo prepotência de sua parte?????!!!!!!
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Me desculpe Márcia, mas toda auto avaliação requer coragem e a autora teve essa coragem. Atualmente, a palavra de Jesus tem sido usada para propagar toda gama de ódio e violência em nosso pais, contra as religiões de matriz africana, indígena e até os católicos são atacados. Onde estão os espíritas? Em nenhum estado onde ocorre esses ataques a federação, uma casa espírita ou um espírita que seja, se manifestou publicamente contra esses atos ou foi capaz de prestar solidariedade às vitimas. Isso é viver na bolha sim. Nós frequentamos nossas palestras, damos nosso passe, fazemos a caridade paternalista e nossa consciência se enche de alegria e fim. Onde está nossa contribuição EFETIVA para a melhora da sociedade? Na nossa conduta moral? No bem que fazemos? Concordo que está mais que na hora de sairmos da bolha.
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Olá Cláudia, como católico, espírita kardecista, e principalmente ciencitista da uma fé que une, conforta e ensina, elogio sua análises não menos audaciosa e verdadeira. O mundo contemporaneo necessita de afeto, compreensão, paciência… Somos seres imperfeitos. Todos nos, sem excessão. Por isso acredito no trabalho pelo próximo. Faz-se necessário para se aprender pela experiência, como o metodo científico de comprovação dos teoremas e teses. É melhor tentar que simplesmente seguir rituais sem sentido. Quanto à tal bolha, ela sempre existiu e sempre vai existir pois em questões praticas, ponto de desequilíbrio é ruído que deve ser tratado, com amor sim, mas por uma psicoesfera ou idioma adequado, que faz sentido ao ouvinte, para que ele possa absorver e crescer. O grande problema desse orbe é a falta de compreensão de que cada um tem seu tempo, experiências e evolução própria.. E que todos seguiremos para junto Dele, uns mais rápido, outros mais devagar. Luz ao mundo
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Muito realista este tema. Eu vejo também que muitos espíritas se recolhem nessa “bolha” como uma forma de se protegerem de ataques emocionais gerados a partir de tantas noticias negativas que chegam o tempo todo. Sabem que não vão reformar o mundo, mas estão no caminho ou na tentativa de se reformarem intimamente, e, ficando mais próximos daqueles que têm o mesmo objetivo, a caminhada fica maus fácil.
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Excelente reflexão. Tenho observado esse tipo de comportamento, consciente ou não, entre os espíritas
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Excelente texto!!! Profundo, bota o dedo na ferida na medida certa e traz reflexões e questionamentos muito importantes. Parabéns!!!!
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Não concordo.Pelo contrário estou aprendendo a me conhecer exatamente na doutrina espírita,que é o Consolador Prometido.Ha luz que brilha deve ser a Dele, Jesus nosso Mestre e Senhor.Não somos superiores a ninguém , mas tão pouco inferiores.Lutamos para vencermos a nós mesmos.
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excelente e pertinente! parabéns
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Não me lembro de ter lido uma passagem do evangelho em que Jesus propõe a meditação inerte e que tenha feito de seu legado apenas uma contemplação. Ao contrário, ele disse que não veio trazer a paz mas sim a espada. Não a espada de metal mas uma que deveria cortar o gelo de nossos corações.Temos como legado um orbe inteiro, e isso nos faz responsáveis pelo que fazemos com ele, mas principalmente pelo que deixamos de fazer. O perigo da bolha está na falsa ideia de paz. Uma paz que fecha os olhos para o mundo apenas se abrindo para a prática de uma caridade paternalista que não promove mudanças essenciais na sociedade. Se a 10 anos atras os espíritas tinham o orgulho de dizer que o Brasil era a pátria do evangelho, hoje nem se importam com o clima de ódio nas ruas e dos atos de intolerância religiosa cometidos em nome de Jesus. Com isso vejo que essa passagem do Irmão X fica cada vez mais na utopia que na realidade. Me parece que a síndrome do paraíso dos neo pentecostais também chegou aos seguidores de Kardec, que simulam virtudes, para irem para um plano melhor, ou como chamaram daqui a alguns anos, de paraíso espiritual.
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Bom, é preciso prudência ao falar de uma coletividade, há perigo de cair num discurso personalista e de mágoa quando se escorrega na generalização. É sempre empobrecedor para um discurso lançar mão da generalização a partir de experiências negativas pessoais. Dito isso, não discordo que haja um comportamento de manada também no Espiritismo (não existe Kardecismo, a Doutrina Espírita é, como Kardec mesmo deixou muito claro em vida e para a posteridade em sua obra, um compêndio dos Espíritos superiores, ele apenas sistematizou). Porém, como há em qualquer coletividade humana: religiões, partidos políticos, grupos familiares, grupos de amig@s, grupos de trabalho, enfim, entre qualquer divisão e grupamento humano. E, isso acontece porque somos isso mesmo, seres humanos, numa experiência carnal, num planeta que, para os cientistas está em transição da classe IV para a Classe V, e para nós, espíritas, está em transição da Classe II (de provas e expiações) para a Classe III (mundo de regeneração), com pessoas distantes anos-luz da perfeição. A única diferença é que o Espiritismo nos dá a consciência de que somos falhos e de que precisamos agir agora pelo aperfeiçoamento, que na realidade é perpétuo. Ele nos ensina a enxergar à frente, a vida futura, para buscarmos compreender com paciência as causas primordiais dos efeitos que vivenciamos hoje. A reforma íntima é um escrutínio diário de si para si, um exercício de auto análise que nos possibilita um presente mais coerente e menos egoísta. A caridade reside, inclusive, e, talvez mais ainda, na forma como nos posicionamos diante do mundo e dos outros, compreendendo preceitos de mão dupla, que auxiliam aos outros e nos auxiliam também. Críticas propositivas, construtivas, são sempre bem vindas, pois enriquecem o debate, enriquecem o processo. Bem diferente é a ofensa generalista por si só, ou pelo desprezo de uma coletividade e/ou doutrina, diante de uma mágoa pessoal, que é o que deixa transparecer o seu texto. Penso não ter faltado com o respeito à você, mas, pessoas e grupos diferentes proporcionam experiências diferentes. Ocorre no Brasil muita confusão e sincretismo acerca das religiões professadas. Espiritismo é uma doutrina distinta das outras, nem melhor nem pior, distinta. Não existe Espiritismo kardecista, ou mesas branca ou misturado com Umbanda ou qualquer outra religião. E não é por preconceito, o Espiritismo dialoga supre bem com as mais diversas religiões, mas, é preciso não confundir os preceitos, cada religião tem o seu compêndio doutrinário, e tudo ótimo. Mas, determinadas ‘fusões’ que tentam impetrar não se coadunam. O estudo sistematizado e a prática do espiritismo sob a orientação de Allan Kardec e da Federação Espírita Brasileira são organizados, sérios e coesos dentro do seu compêndio e, essencialmente é de base filosófica, ou seja, faz as pessoas refletirem sobre si (antes de qualquer coisa – conhece-te a ti mesmo), sobre o outro (não faça ao outro aquilo que não queres que façam a ti) e sobre o mundo (compreensão das possibilidades). Agradeço a Deus por ter tido instrutores maravilhosos no Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE – I, II e III) e no Estudo da Mediunidade (EM – Ciclos do I ao IV, no desejo de que venham os dois seguintes), tive alguns não tão maravilhosos assim, mas, também com eles aprendemos enormemente, especialmente a exercitar a caridade moral, cada vez mais escassa nestes tempos de discursos desagregadores. O legal mesmo é perceber que conseguiu resistir aos melindres sedutores do ego amassado e pôde transitar livremente entre várias correntes de pensamento, respeitando, sendo respeitado e crescendo juntos na dialética da vida, porque ela é isso mesmo, um eterno puxa-encolhe, como j´[a tentava nos explicar Albert Einstein. Gostaria de citar o trecho poético de Fernando Pessoa:”tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, e parafraseio Madre Teresa de Calcutá: nunca foi entre você e o outro, é, sempre foi e sempre sempre será entre você e a sua consciência. Então, trocar generalizações por grupos diversos dentro de um mesmo movimento pode ser muito elucidativo e menos egoístico do que apenas apontar o cisco nos olhos dos outros, quando temos duas imensas traves nos nossos, e todos nós temos, sem excessão…
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Sou espírita de “nascença” e concordo com este texto.
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Muito lúcido! Claro , acolhedor ao mesmo tempo um convite para conversarmos sobre como vamos realmente crescer espiritualmente e portanto como seres humanos!
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Achei o texto pertinente. Não sei, mas amor é aceitar o diferente. É fácil amar quem pensa muito parecido com você. O espiritismo não é muito amoroso com quem não corresponde ao seu modelo “doutrinário”. Em geral, é classificado como obsedado ou “espírito inferior”, supondo existir uma definição bem clara de quem é “inferior” e de quem é “superior”, o primeiro devendo se submeter ao segundo para “evoluir”. A ideia de igualdade é meio estranha no meio espírita. É tudo tão hierárquico… De qualquer maneira, os centros espíritas não são comunidades muito abertas ao debate, acho. Em geral, foram criados para divulgar e vivenciar uma “doutrina” específica. Questionar as regras “doutrinárias” seria ferir o próprio sentido da comunidade, não é mesmo? Sinceramente, eu frequento e fico quieto quando não concordo (claro que concordo com boa parte das coisas), pois preciso de um espaço para vivenciar a mediunidade. Nos terreiros de Umbanda do lugar em que moro as manifestações são muito tumultuadas, então vou no centro espírita. O que ouço lá e não aceito, deixo fora do meu coração e pronto.
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Excelente texto,mto bem escrito,reflete a realidade do chamado movimento espírita.
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Parabéns pela reflexão Cláudia!
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Uauuu!!! Um choque de realidade…. Sensacional. Parabéns
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Que Espíritas no Brasil geralmente compreendem e praticam muito pouco ou quase nada do Espiritismo de verdade isso não é novidade. Mas é sempre bom lembrar que o Espiritismo não é feito de Espíritas (as pessoas), tanto quanto o remédio não é feito dos doentes (pessoas) que precisam dele.
Contrariamente ao orgulho que ainda nos move, nós Brasileiros somos a raspa do tacho do mundo e a raspa do tacho do Brasil somos nós mesmos, os Espíritas, os mais necessitados do Cristianismo puro, cristalino, em nós mesmos e nos nossos próprios corações. Certamente porque somos nós quem mais nos afastamos da fonte das verdades universais no passado: nos afastamos de Deus.
Então, praticar bizarrices não é algo para se estranhar em nós, Espíritas do Brasil. Mas, certamente chegaremos no lugar certo um dia e seremos melhores. Quem garante isso é a nossa própria existência, já que Deus sabe o que faz, sabe do que somos capazes e tem certeza absoluta do nosso futuro. Ele é o único que conhece toda a Verdade (e as verdades subjetivas de cada um), não é?
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