Podemos falar em centros espíritas progressistas?

CEPs

Vivenciamos recentemente um momento de muita atribulação no movimento espírita brasileiro, desencadeado pela fala de Divaldo num Congresso em Goiás: de um lado defensores de Divaldo Franco, do outro lado espíritas que se autointitularam progressistas. Eu me incluo no segundo grupo.

Divisões dentro do espiritismo não são novidade, só em São Paulo, temos por exemplo, a Federação Espírita, a Use, a Aliança Espírita.

Nesse momento de ânimos exaltados, gostaria de trazer à luz das discussões uma questão: como seria um centro espírita progressista? Com progressista, entendemos quase como um pleonasmo de espiritismo e usamos o termo mais como um antônimo de conservador.

Sabemos que a constituição dos centros espíritas remonta à Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, que tinha muito mais um caráter de estudo e pesquisa do que uma prática de atendimento religioso. O nosso modelo no Brasil tem muito mais a ver com a tradição da igreja católica que recebe o fiel para a missa e o dispensa logo em seguida. Se bem que na constituição de suas paróquias, criam-se espaços que congregam mais que a prática religiosa, para a convivência social da comunidade, onde estão inseridas.

Nesses anos de ABPE, temos encontrado com pessoas muito desencantadas e descontentes com os centros que frequentam. Muitas delas têm se distanciado até mesmo do espiritismo. Há outras, entretanto que acreditam num trabalho de base e apostam que, com algumas mudanças, podem construir um centro espírita mais democrático.

Nas minhas reflexões e propostas, penso no papel da Pedagogia Espírita e imagino como esse trabalho, que estamos desenvolvendo na ABPE, poderia ajudar nesse novo fazer espírita – centros progressistas ou apenas de fato espíritas?

Analisando as práticas tradicionais, pensemos em cada parte dos trabalhos à luz da Pedagogia Espírita, que tem como fim a educação de tudo a todos, nas palavras de Comenius, ou da educação integral do ser, nas palavras de Pestalozzi:

A palestra semanal deveria se transformar em sessão de debates com especialistas em diversos temas que possam discutir pela ótica espirita, ou mesmo não espírita, assuntos da ciência e da atualidade, trazendo para o centro o pensamento de nossa época sem “achismos”.

Os grupos de estudo deveriam focar nas obras de Kardec, ampliando com outros autores que desenvolveram ideias a partir delas, como as de León Denis e Herculano Pires, por exemplo. Além disso, deveria se promover o estudo de textos acadêmicos sobre espiritismo, de autores como Dora Incontri, Alessandro Bigheto, Samanta Lodi, Alexander Moreira Almeida, Julio Peres, etc, pois esses estudos dialogam com ciências fora do círculo meramente espírita, o que ampliaria a visão de mundo dos participantes.

Na área de religião, é necessário o estudo das raízes religiosas ocidentais e orientais, bem como o estudo comparativo das diferentes vertentes. Há diversos materiais disponíveis nesse sentido na Universidade Livre Pampédia.

A Mediunidade precisa ser desmitificada com a criação de grupos de estudo e prática, apoiando todos os médiuns e aqueles que buscam desenvolvimento, sem hierarquias e fórmulas sistematizadas, que privilegiam um orientador, dirigente ou médium. Sugerimos a leitura do artigo A Pedagogia Espírita em sua Aplicação em Reuniões Mediúnicas: Metodologia e Práxis (de Cláudia de Martino Mota e Regina Bonança), que apresenta a prática do Grupo de Mediunidade Pedagógica da ABPE.

A Evangelização precisa mudar o foco proselitista e o perfil catequisador: a abordagem precisa ser ecumênica e de mútua ajuda. Para tanto, sugere-se o conhecimento geral das religiões, a perspectiva espírita frente à vida encarnada, sistema de ensino mútuo (Pestalozzi), e a exploração de arte e literatura, com uso de biografias de grandes nomes da humanidade, como exemplos a serem seguidos.

Para além do assistencialismo, é necessário uma conduta de hospitalidade frente a quem chega à casa espírita, bem como àquele que permanece: é preciso desenvolver, por exemplo, a prática de acolhimento e escuta; atividades de empreendedorismo e liderança entre os jovens para o diagnóstico e a busca de soluções para os problemas da comunidade, a promoção de atividades de lazer e culturais desierarquizadas para a população que faz parte do projeto do centro, proporcionando melhor entrosamento e reconhecimento recíproco; serviço de lanche e cozinha comunitária para o dia a dia das atividades do local, etc.

Para a orientação familiar, deve-se incentivar fóruns de debates sobre planejamento familiar, sexualidade, educação alimentar, economia doméstica, prevenção para problemas de aprendizagem, chamando a participação dos frequentadores como expositores e debatedores, utilizando os saberes da comunidade.

Na mesma linha da orientação familiar, a partir dos saberes da comunidade, promover temas da saúde, tais como adoção da figura voluntária do médico da família; estudo do vegetarianismo e culinária – educação para a auto-sustentabilidade; criação da horta comunitária e orientação para permacultura.

Por fim, dentro da noção de hospitalidade, ter atendimento aos participantes do centro por meio da formação de grupos de Terapia Pedagógica e Pedagogia Terapêutica.

A adoção das práticas sugeridas não pretende ser uma cartilha nem uma receita, o objetivo é instigar práticas novas privilegiando as relações interpessoais e deixando de lado as figuras de dirigentes e médiuns carismáticos que sobrepõem sua personalidade ao trabalho e principalmente à essência da doutrina espírita.

A ideia é sermos favoráveis às mudanças, autocríticos e buscarmos, na troca de experiências, melhorar nosso trabalho.

Claudia Mota

 

 

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35 respostas para Podemos falar em centros espíritas progressistas?

  1. Cláudia disse:

    E a gente poderia fazer tudo isso na Pampedia.

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  2. Adriana Jaeger disse:

    Eu amei a ideia. As igrejas católicas e protestantes tem seus núcleos progressistas, o espiritismo também. Dar liberdade para o trabalho, seguindo as orientaçôes de Kardec, são essenciais. Um curso de formação doutrinária completo inclui ler todas as obras de Kardec e interpretar essa obra com os recursos ofertados pela ciência, não esquecendo do modelo Jesus e seu Evangelho. Estamos esquecendo Jesus, sua simplicidade e Kardec e seu método. Acho uma ótima. Não sei como materializar isso, mas a idéia é muito boa, necessária e útil.

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  3. Fabrício de Maicy Bezerra disse:

    Grato pela reflexão. Com boa parte da argumentação estou de acordo, mas me ocorre que o texto parece sugerir a pergunta: existe vida inteligente além da Pampedia? Outra questão: Não considerar-se a contribuição de Haroldo Dutra ao estudo dos textos religiosos? Incluo-me muito claramente no grupo dos progressistas, conforme conceituado no texto, mas me causa certa preocupação o risco de desenvolver-se um engajamento que comece a fornecer uma “lista”. Prefiro buscar livremente as contribuições diversas. Não vou deixar de enxergar a contribuição de palestrantes simplesmente por não estarem na “lista progressista”. Por exemplo, penso que Haroldo Dutra busca cumprir os requisitos de diálogo com a ciência de nosso tempo, com o diálogo inter-religioso e com o aprofundamento da análise dos fatos e conteúdos religiosos sob uma óptica espírita. No mais, busquemos fugir da cisão, pois a tarefa é imensa e diz respeito a espíritos imortais muito mais que a estados circunstanciados da existência. A Educação do Espírito Imortal deve continuar sendo nosso alvo principal, e nisso, especificamente, o Espírita progressista deve diferenciar-se do progressista materialista, que dedica 100% de suas energias Intelectuais e Morais à vida presente, numa busca de justiça imediata através do método revolucionário violento, em lugar da transformação evangélica de consciências.

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  4. Marcelo Barbosa Barreto disse:

    Eu não me recordo quando tive contato com a ABPE. Sei que foi há uns dois anos atrás. De lá pra cá muita coisa mudou.
    Eu havia me afastado (e ainda continuo) das casas espíritas que com muito esforço tentava frequentar. Tentei ser trabalhador de uma Centro Espírita na periferia de Goiânia, ajudando aos sábados à tarde. Verifiquei que as lideranças da casa tinham e manifestavam uma predileção política e que quando expus a minha fui tratado como um leproso. Pouco tempo depois deixei de frequentar aquele lugar.
    Depois fui frequentar uma grande casa espírita da capital (acho que a maior), talvez maior que a FEEGO. Percebi que nos domingos que coincidiam com as “Manifestações Contra a Corrupção” a casa estava com menos da metade da quantidade de pessoas dos domingos em que não havia manifestações. Depois percebi na fala de membros da direção dessa casa uma sutileza quanto ao recebimento de recursos para as Obras da entidade. Que os recursos estaduais (PSDB) chegavam, mas do governo federal (PT) e Municipal (PT) deixavam a desejar. A partir daí deixei de frequentar tais lugares, pois sempre achei que não devia se tratar de política nas casas espíritas e que se fosse falar, que todos tivessem vez e voz.
    Resolvi pesquisar sozinho leituras sobre espiritismo e socialismo e achei um livro do Leon Denis sobre isso. Depois achei outro livro interessante “Espiritismo e Justiça Social” se não me engano. Resolvi compartilhar esse material com um grupo de espiritismo no watssap. Fui imediatamente repreendido, mesmo as obras tratarem de espiritismo.
    A gota d’água foi quando eu publiquei um texto da ABPE sobre um corpo encontrado dentro da Federação Paulista. Me expulsaram desse grupo. Quem me expulsou tentou por vária vezes me “resgatar” no particular do watssap. Hoje ele desistiu de mim. Já havia enviado pra ele vários artigos da ABPE. Esse de hoje fez com que ele excluisse meu número da lista de contatos.
    Obrigado ABPE.
    Agora sou livre.

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  5. Numiers disse:

    Bom dia! Então a proposta seria acabar c/ a hierarquia? Saiba de antemão q hierarquia faz parte da natureza divina, pois acima de tudo paira o “espírito de Deus”… e seguimos num patamar (individual ou único) de graduações espirituais a quase o infinito..! Então não passa de utopia isso tudo declarado no artigo! Vocês dizem q as sessões devem ter debates c/ autores fora do círculo espírita de estudos rotineiros, e sugerem alguns nomes…! Pois bem, então por qual razão não incluir Ludwing Von Mises, Roger Scruton, Theodore Dalrymple, Thomas Sowell, Jordan B. Peterson ou Peter Kreeft, um filósofo católico ferrenho, como contra-ponto? Bom, sei q este comentário pode não ser publicado, mas fica a mensagem em discordância às propostas sugeridas por vocês!

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    • mzanolini disse:

      Bom dia! Essa questão da hierarquia como parte da “natureza divina” tem um detalhe que as pessoas esquecem – ela é determinada pela ascendência moral de um espírito em relação a outro. Em organização de espíritos encarnados, essa ascendência moral não é mensurável (já que o comportamento moral pode ser falseado), portanto a solução mais justa é horizontalizar as relações. Sobre os pensadores que você citou, obviamente não existe nenhuma restrição. O que importa é contrapor ideias como as de von Mises e Marx, por exemplo, e observar suas aproximações com o espiritismo. Liberdade de pensamento é isso!

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      • Numiers disse:

        mzanolini, como a moral não é mensurável entre encarnados? Acredita você q Allan Kardec, Chico Xavier e Divaldo Franco não tinham ascendência moral sobre a maioria dos encarnados das suas respectivas épocas? Como sabemos isso ser possível já q vc diz q a moral não é mensurável? A verdade não é relativa, é absoluta… e o ESPIRITISMO trata objetivamente dela!

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      • mzanolini disse:

        Kardec, Chico e Divaldo foram / são homens com você e eu. Seus erros não apagam todo o bem que fizeram nem todo conhecimento que produziram, mas eles não foram / são infalíveis, e por isso não podem ser isentos de críticas. Essa visão mais realista (que vc chama de relativista) inclusive permite uma maior identificação entre nós e eles. A VERDADE que trata o Espiritismo está além dos homens, mas também está dentro deles. A visão messiânica que o movimento tem para suas lideranças não é nem científica nem filosófica. Precisamos recuperar a veia investigativa, crítica e analítica de Kardec, que tanta falta faz ao espiritismo religioso que temos no Brasil.

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      • Numiers disse:

        mzanolini… Se posso criticá-los, coloco-me no mínimo no mesmo patamar evolutivo deles… e sabemos q poucos nesta Terra tem este grau… o q seria deveras petulância afirmar q são homens comuns como eu ou vc…! Não há relativismo no ESPIRITISMO… ou é ou não é… e sendo assim, qualquer tentativa de imputar ideologias ao movimento espírita será um desastre predito…!

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      • mzanolini disse:

        Se queres viver um espiritismo de caídos de um lado e iluminados de outro, nada pode te impedir. O mesmo raciocínio serve para o espiritismo livre e igualitário que estamos propondo. Se essa não é a sua praia, fique a vontade!

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      • Numiers disse:

        mzanolini… Existe apenas o ESPIRITISMO e não há outro (nem outra maneira de vislumbrá-lo) como vcs tentam imputar…e veja q não é minha opinião, pois trata-se de um fato…! Como dizer q o ESPÍRITO DE VERDADE (a quem foi dado a responsabilidade de nos revelar o Consolador prometido) equivocou-se c/ tudo q há no O LIVRO DOS ESPÍRITOS e no O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO sobre o engano q é o socialismo (os preceitos em particular)? Como superar os fatos c/ ideias q não passam de teorias utópicas? Como defender uma ideologia q ensanguentou o século XX c/ nada menos q 100 milhões de assassinatos ao redor do globo (Os Gulags russos e campos chineses não me deixam mentir)? Reflitam na tragédia q seria deixar as ideologias suplantarem as mensagens contidas nas obras fundamentais do ESPIRITISMO…e no trabalho de continuação nas obras de Chico Xavier e Divaldo Franco! O ESPIRITISMO é mais q ideologias pueris q passarão como o pó da Terra…!

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      • mzanolini disse:

        Ichi! Acho que você tá fazendo uma confusão enorme aqui! Veja, quando propomos uma prática espírita igualitária e livre, isso não tem relação nenhuma com o socialismo ou com o comunismo que foi experimentado em diversos países no século XX. Aliás, liberdade, igualdade e fraternidade são ideias do Iluminismo francês (que influenciou Kardec, por sinal). Se vc só consegue associar ideias igualitárias e livres com gulags russos e autoritarismos chineses, etc, vc tem que abrir seus horizontes. Outra confusão é se posicionar contra as Utopias, como se por elas não serem realidade hoje, não servem pra nada. Utopias são linhas do horizonte que nos estimulam a crescer. Cenários futuros que nos prometem avanços, individuais e sociais, éticos e espirituais. As Utopias socialistas e comunistas são sim fontes de inspiração, assim como a Utopia cristã de amar os inimigos e perdoar incondicionalmente. Devemos sim abraça-las. E o último ponto, o legado de Chico e o trabalho de Divaldo não são uma continuação das obras de Kardec. As obras desses médiuns iluminam alguns aspectos da ideia de vida depois da morte, processos reencarnatórios, lei de causa e efeito, aspectos morais da evolução, etc, mas estão muito longe da metodologia de Kardec. São trabalhos importantes, sem dúvida, mas precisam ser vistos em relação a um contexto mais amplo. Dar a eles um peso maior do que eles tem é tirar a razão dessa equação. E não há nada mais oposto ao espiritismo do que isso.

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      • Numiers disse:

        mzanolini, se vc leu “Obras Póstumas” (Kardec) saberia q as obras de Chico Xavier complementam (e muito) as bases codificadas por Kardec… e explique por gentileza o q é UTOPIA CRISTÃ, pois estou bobo em saber q o cristianismo não passa de uma utopia no pensamento progressista… isso é novidade pra mim! Rsrs…

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      • mzanolini disse:

        Opa! Aproveita que vc ficou tão espantado com essa ideia e vá pesquisar. São tantos os movimentos e ideologias políticas que abraçaram o cristianismo! Infelizmente o cristianismo (entendido aqui como a moral que Jesus viveu, sermão da montanha, etc), nunca foi aplicado, por assim dizer. Mas houveram tentativas. Bons estudos!

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    • Numiers disse:

      E gostaria por gentileza q vc (ou alguém do blog) respondesse c/ fatos cada argumento q vou postar aqui, pode ser? Ei-los:
      1. Desigualdade das riquezas, questão 811 do Livro dos Espíritos:
      811. Será possível e já terá existido a igualdade absoluta das riquezas?
      “Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres.”
      a) – Há, no entanto, homens que julgam ser esse o remédio aos males da sociedade. Que pensais a respeito?
      “São sistemáticos esses tais, ou ambiciosos cheios de inveja. Não compreendem que a igualdade com que sonham seria a curto prazo desfeita pela força das coisas. Combatei o egoísmo, que é a vossa chaga social, e não corrais atrás de quimeras.”
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      2. Capítulo XVI do Evangelho Segundo o Espiritismo, item 8:
      ”A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. É, aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades.”
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      3. No livro Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho, o espírito Humberto de Campos destrói o marxismo e diz que o capitalismo é o sistema chamado pelo alto para encaminhas as nações para o progresso, essa mensagem esta no capítulo 30 do livro, que é o último:
      ”Nesta época de confusão e amargura, quando, com as mais justas razões, se tem, por toda parte, a triste organização do homem econômico da filosofia marxista, que vem destruir todo o patrimônio de tradições dos que lutaram e sofreram no pretérito da humanidade, as medidas de repressão e de segurança devem ser tomadas a bem das coletividades e das instituições, a fim de que uma onda inconsciente de destruição e morticínio não elimine o altar de esperanças da pátria. Que o capitalismo, visando à própria tranquilidade coletiva, seja chamado pelas administrações ao debate, a incentivar com os seus largos recursos a campanha do livro, do saneamento e do trabalho, em favor da concórdia universal.”
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      4. Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, fala sobre o socialismo, no que marca o capítulo XXIV da obra, que ele intitula de “O espiritismo e as grandes transições” e elenca vários temas, esse abaixo é o que esta escrito no trecho em que ele dedica ao socialismo, fazendo clara menção aos desastres dos regimes socialistas no séc XX:
      “Aparece o socialismo propondo reformas viscerais e imediatas. Alguns idealistas tocam a Utopia de Thomas More, ou a República perfeita, idealizada por Platão. Fundam-se as alianças de anarquismo, as sociedades de caráter universal. Uma revolução sociológica de conseqüências imprevisíveis ameaça a estabilidade da própria civilização, condenando-a à destruição mais completa. O fim do século que passou é o cenário vastíssimo dessas lutas.”.
      No trecho que se segue, onde Emmanuel denomina “Restabelecendo a Verdade”, ele fala da missão do espiritismo e inclui que, dentre elas, compete a nós espíritas o combate, no sentindo de desmenti-las, às teorias igualitárias absolutas (mesma denominação que, no trecho anterior, ele usa para referir-se ao socialismo):
      “Com as verdades da reencarnação [ele esta se referindo ao espiritismo], veio explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas”.
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      5. Ainda, uma obra que muitos usam no intuito de tentar criar proximidades entre o espiritismo e o marxismo é a obra Socialismo e Espiritismo, onde Leon Denis fala sobre Marx na obra Socialismo e Espiritismo, em seu capítulo IV:
      “O socialismo de Karl Marx, homem ácido e odioso, cujo objetivo principal é a guerra de classes; tudo isso desprovido de generosidade e grandeza e não leva senão à investida, ao esmagamento de uns pelos outros.”
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      6. Kardec diz em ”Viagem Espírita”, de 1862, nos ‘Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux – III’, o seguinte: “a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral, em vez de uma miséria parcial; que a igualdade hoje estabelecida seria rompida amanhã pela mobilidade da população e pela diferença entre as aptidões.”.
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      7. Na Revista Espírita do ano de 1863, Edição de fevereiro, na parte denominada ‘Sermões contra o Espiritismo’, Allan Kardec, em resposta a injúrias contra a Doutrina Espírita proferidas por um bispo do Texas, em sermão realizado na Igreja de Saint-Nizier, o qual acusava o espiritismo com os seguintes dizeres: ”O espiritismo vem destruir a família, aviltar a mulher, pregar o suicídio, o adultério e o aborto, preconizar o comunismo, dissolver a sociedade.”.
      Kardec, de forma segura e inconteste, responde: ”Temos necessidade de refutar semelhantes asserções? Não; basta remeter ao estudo da doutrina, à leitura do que ela ensina, que é o que se faz em toda parte. Quem poderá acreditar que pregamos o comunismo depois das instruções que demos a respeito no discurso publicado in extenso [referindo-se ao discurso da ”Viagem Espírita”, de 1862] no relatório de nossa viagem em 1862? Quem poderá ver nas palavras seguintes uma excitação à anarquia, encontradas na mesma brochura, página 58 ‘Em todo caso, os espíritas devem ser os primeiros a dar exemplo de submissão às leis, no caso de serem convocados’.”
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      8.No Evang. Seg. Espiritismo cap. X item 13 encontramos o seguinte ensinamento: “…O reproche lançado à conduta de outrem pode obedecer a dois móveis: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos se criticam. Não tem escusa nunca este último propósito, porquanto, no caso, então, só há maledicência e maldade. O primeiro pode ser louvável e constitui mesmo, em certas ocasiões, um dever, porque um bem deverá daí resultar, e porque, a não ser assim, jamais, na sociedade, se reprimiria o mal. Não cumpre, aliás, ao homem auxiliar o progresso do seu semelhante? Importa, pois, não se tome em sentido absoluto este princípio: “Não julgueis se não quiserdes ser julgado”, porquanto a letra mata e o espírito vivifica…”
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      9. J. Herculano Pires, o maior intelectual e filósofo espírita do século XX, já refutou o marxismo: “A Doutrina dos Espíritos aborda desde logo os mais altos problemas de filosofia que agitavam o século XIX e lançou em terreno firme as bases de uma nova interpretação e de uma nova concepção da vida e do mundo. Constitui mesmo, desde o início, uma poderosa reação a duas escolas que pareciam ameaçar o mundo com imediata conquista: o marxismo e o positivismo.” FONTE: “Diário de São Paulo”, edição de junho de 1952.
      Sendo assim, posso concluir q o ESPIRITISMO está acima de qualquer ideologia política!

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      • mzanolini disse:

        Meu Deus, olha o trabalho que vc tá me dando! Hahaha! Vamos lá…

        1 e 2 – Sempre é citada a questão da desigualdade das riquezas como uma prova inconteste de que o qualquer ideia que critica o capitalismo está fadada ao fracasso. O Livro dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo foram escritos em meados do século XIX em um contexto histórico muito diferente do contexto que vivemos hoje. Nesse nosso século XXI, figuras (nem um pouco socialistas) como Mark Zuckerberg, Elon Musk e Bill Gates defendem a ideia da renda mínima universal como uma solução para a quarta revolução industrial. O contexto que vivemos hoje é outro. A própria concepção que temos hoje do que é RIQUEZA não é a mesma que se tinha no século XIX. Considere índices como o IDH ou o FIB que ajudam a determinar propostas de desenvolvimento sustentável. Os espiritos estavam falando para um público que tinha uma determinada visão de mundo e por isso era capaz de compreender até um certo ponto o que estava sendo ali descortinado.

        3 – Esse livro é cheio de erros historiográficos e por isso deve ser visto como a visão de um determinado espírito (ou grupo de espírito) sobre um tema. Ainda assim no trecho que vc cita esta se falando da destruição que as experiências socialistas/comunistas geraram (aqueles experiências práticas do século XX que nem de longe são o que nós defendemos, só pra deixar isso claro mais uma vez). Então ele chama o capitalismo para o DEBATE, para construir uma concórdia universal. Não está dito que o capitalismo resolveria o problema, mas que ele traria suas contribuições para o diálogo, e que o resultado desse diálogo seria uma concórdia. Não veja nada de errado nisso.

        4 – Emmanuel cita a Utopia de Thomas Morus e a República de Platão. Morus se baseou na República de Platão para escrever sua Utopia. Platão imagina um mundo governado por filósofos (déspotas esclarecidos) como um contraponto a democracia que matou seu mestre Sócrates. Morus defende que a intolerância e o fanatismo deveriam ser punidos com exílio e servidão (ou seja, intolerância se combate com intolerância). Ponto para o Emmanuel pela crítica! Depois ele crítica a revolução (violenta) que o socialismo que foi tentado no século XX (que ele também chama de teoria igualitária absoluta) trouxe para o mundo (aquele mundo do século XX). Mais uma vez ponto para o Emmanuel. É preciso criticar todo tipo de violência!

        5 – Tudo que Leon Denis disse de Marx é verdade. Mas a crítica que ele (Marx) fez ao capitalismo é um das ideias mais importantes do século XIX. Uma coisa não exclui a outra. Marx pregava que o proletariado usasse da violência para tomada dos meios de produção das mãos dos burgueses. É injustificável esse tipo de ideia. Mas ele também achava que o socialismo viria depois que o capitalismo atingisse seu ápice (ápice aqui não significa um coisa boa, pode significar um esgotamento). Se pensarmos na proposta de renda mínima universal diante da quarta revolução industrial (citada acima), podemos fazer um paralelo interessante com Marx.

        6 – Naquele contexto histórico sim. Hoje a produção de alimentos pode alimentar todas as pessoas do planeta e ainda sobra. No entanto o número de pessoas que passa fome ou é subnutrida é enorme.

        7 – Adapto aqui Kardec, já que eu não estou me defendendo de um padre texano (pelo menos espero que não): Quem poderá acreditar que os ditos espiritas progressistas pregam o comunismo do século XX que foi baseado numa violência sem limite? Quem poderá ver nas palavras seguintes uma excitação à anarquia: “Em todo caso, os espíritas devem ser os primeiros a dar exemplo de adesão às leis do amor universal.”

        8 – O Divaldo errou. Falar sobre um assunto que ele conhece pouco (conhece apenas a leitura que os católicos conservadores tem do tema) para uma plateia de jovens, do alto da importância que as pessoas dão para ele (Divaldo), só serviu para desinformar e criar mais preconceito sobre o tema. Misturou a falsa ideia de ideologia de gênero com marxismo, com os governos de esquerda no Brasil, com a Lava Jato. Uma salada de achismo sem fim. Você pode até acreditar e concordar com ele, mas ainda assim é achismo, e não deve ser colocado da forma que ele fez para uma plateia com transmissão ao vivo pela internet, como se fosse a verdade mais límpida e respaldada pelos espiritos de luz (pq foi assim que as pessoas leram isso). Ele foi criticado para que o mal que ele estava fazendo não ficasse sem reprimenda. Fizemos o nosso dever (como diz o texto que vc citou).

        9 – Herculano Pires avançou o diálogo com o espiritismo e a filosofia até o existencialismo. E parou por aí. Muita coisa aconteceu depois disso, especialmente depois da segunda guerra mundial. O marxismo (como filosofia) passou por diversas revisões e avanços. Outras abordagens filosóficas surgiram. Temos muito trabalho a fazer se quisermos que o espiritismo dialogue com o século XXI.

        O espiritismo só estará acima de qualquer ideologia ou filosofia se ele for capaz de dialogar com elas. Se ficar cristalizado no século XIX, sendo tratado pelos espiritas como uma revelação, palavra de Deus, pentateuco, etc, vamos nos cristalizar cada vez mais em fanatismos e messianismo que não tem sentido.

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      • Numiers disse:

        mzanolini… Vamos lá p/ a tréplica:
        1 e 2. Aqui estamos falando das respostas dos ESPÍRITOS superiores sob as orientações do ESPÍRITO DE VERDADE, responsável pela equipe q nos trouxe a codificação espírita, ou como queira alguns, o Consolador prometido… isso c/ a chancela do próprio Cristo (e não vou entrar nos méritos da questão se o ESPÍRITO DE VERDADE era o próprio senhor Jesus…), ou seja, as respostas são imutáveis pelo alto teor moral implícito, ou vc acredita q os 10 mandamentos do Antigo Testamento são ultrapassadas?… Afinal foi o Cristo mesmo quem disse: “Não vim revogar a Lei, mas cumpri-la!”
        3. Os erros historiográficos são produtos da própria interpretação realizada pela mentalidade revolucionária q altera ou confirma o q lhes interessa…, mas imputar isso a um espírito (ou grupos de espíritos) superior, é demais, não?…
        4. Colocar filósofos (generalizando) como déspotas esclarecidos é desconhecer Sócrates e seu projeto…e a morte dele foi uma trama do espartanos p/ impor a Tirania dos 30… lembrando q Atenas perdeu a guerra do Peloponeso… e isso vc deve saber! Considerar a República como o auge da filosofia platônica é relegar ao esquecimento As Leis do mesmo autor, obra fundamental p/ entender a tal “utopia” platônica!
        5. O capitalismo é obra humana (e provavelmente inspirada – minha opinião) e portanto, falível…, porém muito mais coerente c/ a fase humana na história q o socialismo, q na prática depende dele p/ se manter… vide China e Rússia! Como vc bem disse, Karl Marx teorizou q o socialismo seria a evolução “natural” do capitalismo, mas os marxistas não contavam c/ um problema: “na prática a teoria é outra”!
        6. E é justamente nos países socialistas onde impera a fome…e a miséria humana total… vide VENEZUELA, CUBA, CORÉIA DO NORTE e muitos países na África!
        7. As palavras de Kardec estão lá e vc pode querer interpretá-las na luz de suas ideias, mas não poderá sobrepor aos fatos históricos por elas iluminados…!
        8. Divaldo Franco ACERTOU em cheio…! Vide os links abaixo e conclua (apesar das suas divergências) q fato não é opinião:
        (o Blog moderou meus links… vou tentar colocar mais abaixo, paciência!)
        9. Qual existencialismo vc fala? O de Kiekergard ou de Sartre? Saiba q o ESPIRITISMO paira sobre todas as doutrinas e filosofias, sendo a inspiração per se… e veja vc q não é o ESPIRITISMO q precisa chegar ao século XXI, mas os homens q precisam chegar ao ESPIRITISMO, ou crê vc q o Consolador prometido tem q se adaptar aos momentos humanos? Reflita bem!

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      • mzanolini disse:

        Oi Numiers (aliás esse perfil que vc usa é pra não sabermos quem você é? Meio estranho isso…). Então vamos lá:

        1 e 2 e 3 – Você nem comentou a questão da renda mínima universal, nem sobre a quarta revolução industrial, nem sobre o conceito de riqueza. Te dei várias chances de construirmos um diálogo sobre ideias, mas vc veio com a carteirada do argumento de autoridade – foi o Espírito da Verdade que disse, e vem Moisés, e trás Jesus, e o assunto tá encerrado. Uma pena! Na do Brasil Coração do Mundo Pátria do Evangelho, eu analisei o texto e achei um sentido conciliatório, mas de novo vc recorre a superioridade dos espíritos para encerrar a conversa. Vc tem alguma questão com autoridade (psicanaliticamente falando)? Tipo uma dependência? Pense nisso!

        4 – Os déspotas esclarecidos não tem relação com Sócrates. Eles são os reis filósofos do Platão (como está no livros A República). Também não disse que esse livro é o ápice da produção de Platão (acho que vc se confundiu aqui). E eu dei razão pro Emmanuel. Mas acho que vc nem percebeu isso…

        5 – O capitalismo também já foi uma teoria (que na prática também é outra). Não acho que esse argumento responda o que eu disse. De novo vc nem tocou nas ideias sobre o que seria o ápice do capitalismo, etc.

        6 – Tem bolsões de fome e miséria na maioria dos países capitalistas.

        7 – Zzzzzzzzz…..

        8 – Os links que vc postou eu não vou liberar (quem faz a mediação blog sou eu). Se vc insistir eu vou te bloquear. Textos acadêmicos sobre disforia de gênero não são uma resposta a tentativa do Divaldo de ligar sexualidade com imoralidade, esquerda, PT e corrupção tudo na mesma fala.

        9 – O existencialismo é um sistema de pensamento que pode ter vários enfoques como os que você citou e outros. O do Herculano – O Ser e a Serenidade. E mais uma vez vc volta com a ideia messiânica de que o espiritismo está acima de todas as coisas, que nós que temos que nos esforçar para chegar no espiritismo, o mesmo papo do caídos X Iluminados, outra vez essa dependência em relação a autoridade, medo à liberdade, etc. Acho que vc tem que ver isso! Sério!

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      • Numiers disse:

        mzanolini … Percebo q vc usou da tática de “a bola é minha e quem manda no jogo sou eu”… pois bem… não se tem tudo na vida, muito menos dialética c/ pessoa q prefere ter um partido q uma doutrina vinda de Deus como sua religião…! Os links estão na moderação, então caso tenha o bom senso de divulgá-los por serem um contra-ponto a tudo q vocês defendem, seria o mínimo esperado por quem se autodeclara espírita, não é mesmo?… Queira publicar ou não, fica a mensagem!

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      • mzanolini disse:

        Uma ideia – poste esses links e seus textos sobre espiritismo no seu próprio blog! Eu juro que passo por lá pra trocar comentários com você e prometo não esbravejar contra o cerceamento da liberdade de expressão caso vc não aprove meus comentários. Beijos!!!!!

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  6. Hélio Pacheco de Gusmão e Silva disse:

    Esse texto é muito bom, consistente e, acima de tudo, provocativo, que nos tira da zona de conforto.
    Hélio Pacheco.

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  7. Gislaine Cardoso Alves Luzia disse:

    Gosto muito das suas ideias concordo que o Espiritismo deve dialogar com a ciência. Mas não gosto da divisão do espiritismo. Se isso for adiante seremos como todas as religiões que se dividem por não concordar com uma virgula. Penso que não necessitamos disso. Afinal Kardec nos fala de um único espiritismo e nos aconselha a dialogar com a ciência sempre. Lembremos que o espiritismo esta acima das pessoas, somos livres para interpretar da forma que alcançamos.

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  8. Odete Duarte disse:

    Acho a proposta interessante . Sinto q não há acolhimento necessário em boa parte dos centros espíritas . O participante se sente meio solto sem o sentimento de pertencimento àquele núcleo

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  9. Márcia Regina Menezes Sousa disse:

    Adorei! Sou progressista.

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  10. Luiz Miranda disse:

    Parte da polêmica que li aqui, me lembrou muito os debates na Europa pós-reforma entre católicos e protestantes: a autoridade do livro sendo utilizada para matar a reflexão viva. Sinceramente, acho Kardec e seus mentores muito “conservadores”, mesmo para seu tempo. O que se fala sobre os “selvagens” no Livro dos Espíritos, por exemplo, é quase racista e, portanto, duvidosamente cristão. Eu sei que todos aqui são espíritas e espírita, tem que seguir Kardec e seus mentores ao pé da letra, como verdades absolutas e indiscutíveis. Acho que está aí o problema do espiritismo: Kardec e seus mentores não são perfeitos. Eles disseram que quando a ciência os desmentissem, deveríamos seguir a ciência. Pois bem: a antropologia e a sociologia contemporâneas desautorizam boa parte das opiniões de Kardec e seus mentores. Quem conhece o assunto, sabe do que estou dizendo. Assim, inclino-me a dizer que o espiritismo não é exatamente adequado para um homem que ousa pensar livremente. Louvo o texto de Claudia Mota, mas cada dia tenho menos esperança que centros espíritas com essa abertura de espírito – o trocadilho é proposital – possam existir em larga escala. Os espíritas, em geral, preferem a “letra que mata”.

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  11. bucadantas disse:

    Meus parabéns pelo texto. O preço de professar a liberdade será sempre caro e pelas margens.

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  12. Pingback: Perguntas e críticas frequentes de espíritas conservadores | Blog da ABPE

  13. Evandro Pereira disse:

    Excelente texto … Excelentes sugestões !!!! Viva a diversidade e liberdade de pensamentos !!! Então que a ABPE faça um projeto completo desse novo “vivênciar” da prática espírita que com certeza até o final dos meus dias aqui nesse planeta fundarei um centro espírita inspirado nessas idéias renovadoras de liberdade e democracia … Mais horizontalidade e menos verticalismo !!!

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  14. Kahenna disse:

    Transformar palestra semanal em sessão de debate pra quê? Já não tem debate nos grupos de estudo? Palestra semanal, sessão de debate e grupos de estudos são propostas diferentes com objetivos diferentes. A intenção de acabar com palestra semanal é pra acabar com o sucesso de certos palestrantes?

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    • mzanolini disse:

      Oi Kahenna! É uma questão conceitual. Uma palestra é uma pessoa que sabe (ativa) falando para pessoas que não sabem (passivas). Um grupo de estudo / roda de conversa / sessão de debate é um grupo de pessoas que tem diferentes níveis de conhecimento e compreensão, construindo e aprofundando juntas o entendimento delas sobre um assunto. É uma forma de horizontalizar as relações, mas também de motivar (empoderar) as pessoas na construção de seu próprio conhecimento. Claro que esse tipo de abordagem é mais difícil de ser feita em centros enormes com centenas de pessoas. Ainda assim, mesmo nesse modelo em larga escala, é possível organizar de forma a dividir o público em pequenos grupos. Isso aumenta a possibilidade de vinculação afetiva entre as pessoas e distribui o senso de responsabilidade entre todos.

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  15. Raquel Cauduro disse:

    Graças a Deus um grupo espírita de verdade!! Obrigada!

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  16. Sonia k. Morato martins disse:

    Adorei sua visão sobre a atuação dos centros espíritas como veículos de acolhimento, permanência e estudos críticos da nossa doutrina. Aprendemos nos cursos de espiritismo que todos somos médiuns e que não existe um médium .melhor que outro. Todas as formas de mediunidade são igualmente importantes na busca pela caridade. Haja vista que Jesus sempre estava acompanhado de algum apóstolo (medium), quando operava milagres. Além disso, como ciência e filosofia, nossa doutrina é dinâmica, aberta, conectada ao seu tempo e, por isso mesmo, está em constante transformação no nível das abordagens. Parabéns!

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  17. Elidiane disse:

    Depois das eleições, me considero espírita progressista. Abandonei a casa em que frequentava e hoje acredito no espírito de base: paz, amor, fraternidade…

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  18. ritafoelker disse:

    Boa tarde, Maurício. Fiquei com uma dúvida acerca do que você escreveu numa resposta acima: “Herculano Pires avançou o diálogo com o espiritismo e a filosofia até o existencialismo. E parou por aí. Muita coisa aconteceu depois disso, especialmente depois da segunda guerra mundial. O marxismo (como filosofia) passou por diversas revisões e avanços. Outras abordagens filosóficas surgiram.”

    Primeiro: posso entender que, segundo sua opinião, Herculano está superado nas suas visões filosóficas? Note que o Professor viveu até muito depois da Segunda Guerra (que terminou em 1945), ele deixou este Plano somente em 1979 e nunca parou de estudar e ensinar. Parece, portanto, improvável – não impossível – que ele deixasse de se atualizar sobre avanços em pensamentos tão relevantes no século XX, quanto o marxista e o existencialista, até os anos 70.

    Por outro lado, talvez você possa compartilhar conosco uma bibliografia básica pós-guerra, sobre o marxismo e existencialismo, que Herculano possa não ter conhecido, mas que tenha eventualmente se tornado de grande interesse para os espíritas. Abraço. Agradeço pela atenção.

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    • mzanolini disse:

      Oi Rita!
      Herculano não está superado já que as visões filosóficas do século XX são fragmentadas e convivem entre si (diferente dos sistemas filosóficos totalizantes do século XIX). O livro dele – O ser e a serenidade (de 1966) – é um diálogo do espiritismo com o existencialismo. Meu ponto é que ele foi (de forma plena) até aí. Outras pontes foram rascunhadas, como por exemplo a compreensão dele sobre uma pedagogia espírita que abre portas para um diálogo entre espiritismo e teorias de aprendizagem, por exemplo. Mas não tivemos a aproximação do espiritismo com o diálogo entre marxismo e psicanálise (que aconteceu na Escola de Frankfurt), ou com a fenomenologia, ou ainda com os pós modernos Foucault, Derrida, Kuhn e Baudrillard. São possíveis esses diálogos? Que contribuições a interexistência pode oferecer para esses olhares? Foram essas questões que motivaram meu comentário.

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